(Em entrevista exclusiva, Presidente azulino, pela primeira vez, fala sobre a eliminação, da atual situação e do futuro da equipe)
Por Renneé Fontenele
ASCOM/PSC
Em casa, Batista revela tudo sobre o clube. |
Parnaíba (PI) - O Presidente do Parnahyba Sport Club, Batista
Catanduvas, concedeu entrevista na noite desta quinta-feira (29 de maio), em
sua residência. Muito preocupado com a situação do clube azulino, Batista
Catanduvas falou, de maneira objetiva, da não participação da equipe na Copa
Piauí desta temporada e de uma possível ausência do clube centenário no certame
do ano que vem.
Depois de conseguir manter todos os profissionais do clube
com seus proventos em dias, após reorganizar e recuperar a imagem do clube, Batista
revela tristeza pela atual situação financeira do clube e arremata: ‘se
continuarmos assim, ficaremos fora não só da Copa Piauí deste ano, mas do
campeonato piauiense de 2015’.
Confira a entrevista na íntegra com o presidente azulino,
Batista Catanduvas, ontem (29) à noite.
Portal Azulino – Terminado, de fato, o campeonato
estadual deste ano, na sua visão, o que levou o clube azulino ao insucesso no
certame?
Batista Catanduvas – Eu acho que, primeiro, a falta de
estrutura financeira. A equipe montou uma base que já vem há três, quatro anos
jogando; em 2011 nós participamos de duas finais de turno, ganhamos 2012 e 2013
mantendo essa base, e essa mesma base a gente manteve em 2014. Eu não posso
aqui, agora, dizer que essa base não serviu. Nós chegamos à final do primeiro
turno, chegamos à semifinal do segundo turno, fomos infelizes perdendo em casa,
mas, também, eu acho que a parte financeira influenciou diretamente a equipe do
Parnahyba, porque tinha jogo que você não poderia oferecer uma premiação como
numa semifinal, uma final, onde todas as outras equipes ofereciam e jogador,
não é que seja mercenário, mas, se tem uma premiação, é uma coisa melhor.
Então, você não tinha mais dinheiro pra concentrar no segundo turno, dinheiro
pra própria alimentação foi faltando e, sem recursos, isso foi ficando
complicado, influenciando o rendimento. Esses fatores, para mim, são os
principais.
Visivelmente abatido com a situação do clube, Batista não esconde a realidade e confirma a não participação do Tubarão na Copa Piauí. (Foto de Lu Fontenele) |
PA – Não priorizar o jogo decisivo
contra o River em virtude do jogo diante do Ceará (entrando com a equipe
titular), pode ter sido um dos principais fatores para a eliminação da equipe,
já que implicou no rendimento em campo?
BC – Pode ter sido! A equipe vinha numa
sequência de jogos de quarta a domingo, o River passou uma semana inteira
descansando e o Parnahyba vinha duas semanas jogando quarta e domingo, e nós
não tínhamos um elenco muito grande pra poder poupar alguns dos jogadores...
Nós tivemos jogadores como Totonho, Capela e outros já com a idade até um pouco
mais avançada, mas que eram fundamentais para a equipe, jogando quarta e domingo,
e acabou influenciando. Acho que foi um grande erro, porque a Copa do Brasil,
eu ainda vejo muito distante a gente sonhar em passar de uma fase,
principalmente diante de uma equipe fortíssima como a do Ceará, que hoje você
vê o sucesso do Ceará na Série B, um time muito bom... Então, eu acho que pode
ter sido um dos erros, mas, assim, também, o cansaço influenciou, e,
principalmente, nesse jogo contra o River, a nossa comissão técnica errou
também, quando a equipe do River fez uma alteração ainda antes do intervalo,
quando trouxe o Rian da lateral esquerda para colocá-lo nas costas do lateral
esquerdo nosso e colocou o Marabá nas costas do lateral direito Barata e, aí, a
equipe do River cresceu e o Parnahyba não conseguiu mais desenvolver, no segundo
tempo, o futebol que desenvolveu no primeiro tempo. Achei que a comissão, no
caso o treinador, custou muito a observar isso. Foi um dos grandes erros da
nossa equipe e que serviu de lição pra um campeonato futuro.
PA – Você treinou a equipe em 2011,
obtendo números relevantes. Qual sua avaliação em relação ao elenco montado e
ao treinador Fernando Tonet, isso perguntando ao Batista ‘treinador’?
BC – Como treinador, o Fernando Tonet,
no dia a dia, foi um dos maiores treinadores que passaram por aqui. O trabalho,
a pessoa séria, honesta, o trabalho do dia a dia muito bom, trabalho de time
grande... Eu achei que houve alguns erros no jogo, no calor do jogo, numa
substituição, a gente pecou, mas eu não posso, aqui, distribuir a culpa só no
treinador. Eu acho que o grupo também pecou, porque quando os jogadores
realmente querem, abraçam, vestem a camisa, a gente consegue... Eu acho que
essa culpa foi do treinador, da comissão, mas, também, dos atletas do
Parnahyba, porque, a meu ver, deveriam ter se integrado muito mais para que a
gente pudesse ter conquistado esse tricampeonato, que não estava tão difícil...
Eu não via nenhuma equipe do futebol piauiense com elenco melhor do que o do
Parnahyba, embora a gente tivesse defeitos, carências em algumas posições,
como, por exemplo, um centroavante, que foi um dos erros nossos, mas eu não via
nenhuma equipe melhor do que a do Parnahyba. Essa culpa é do treinador, mas,
também os jogadores têm a sua parcela de culpa.
A disputa do estadual 2015 também está comprometida. |
PA – Financeiramente, como estava o
clube quando da sua posse e como ele se encontra hoje?
BC – A gente tinha conhecimento da maioria das dívidas... A
gente tinha débitos de 2013, que eram dois meses de salários, débitos de 2012,
débitos de cheques e alguns outros, sendo que a tendência é aumentar quando
você não recebe dinheiro do principal patrocinador (pra isso, nós divulgamos,
durante todo o campeonato, essa logomarca do município de Parnaíba, como
patrocínio), quando você não recebe nada, é lógico que a tendência é aumentar
essas dívidas... A gente trocou cheque do jeito que pode pra manter a equipe, e
hoje nós temos um saldo negativo, incluindo o ano de 2012, 2013 e, agora, 2014,
de aproximadamente quinhentos mil reais... Eu acho um valor muito alto para um
clube profissional como o nosso e isso, com certeza, lá na frente, vai
acarretar um prejuízo enorme ao Parnahyba, porque o nosso torcedor quer um
resultado imediato, não quer, por exemplo, que a gente pare pra tentar
estruturar a equipe financeiramente e tentar liquidar essas dívidas que existem
e se não vier esse patrocínio, pode ter certeza que será muito difícil tirar o
Parnahyba do ‘buraco’ que hoje se encontra.
PA – Você frisou muito bem, o Parnahyba
em todos os campeonatos disputados estampou, divulgando em jogos televisionados,
inclusive, a logo marca da Prefeitura Municipal, mas, até o momento, o repasse
não foi efetuado? Como é que fica esta situação?
BC – Nós tivemos uma conversa com o Prefeito Florentino Neto
e o Vice-Prefeito Chagas Fontenele, dia 2 de maio, um dia após o aniversário do
Parnahyba. Recebi uma ligação do Prefeito, e no dia 2, eu, com meu filho
Daniel, tivemos uma conversa demorada com eles, quando foi tratado sobre o
Parnahyba Sport Club. O que ele (Florentino Neto) nos repassou foi que esperava
uma posição do Ministério Público. Argumentou que o Parnahyba tinha problemas
com prestação de contas anteriores, mas que isso já estava resolvido... A gente
fez algumas justificativas e que estávamos assumindo o Parnahyba, nós tínhamos
inúmeras dívidas contraídas, por conta de disputarmos o campeonato, e de não
termos esse apoio... Eu admiro o prefeito Florentino Neto, mas espero, como
presidente da entidade maior do futebol profissional de nossa cidade, que é o
Parnahyba, que hoje mexe com a cidade, leva o nome da cidade, o hino do
Parnahyba é o hino da cidade... e que a gente levou essa logomarca desde o
início de janeiro de 2014 estampada, de forma grande, na camisa, em jogos na
TV, jogos da Copa do Brasil para o Nordeste, para o Brasil, em canal fechado, que
a gente possa ter um retorno enquanto antes, porque eles sabem de todos os
problemas do Parnahyba... O Prefeito e o Vice-Prefeito são sabedores e
conscientes das dificuldades que o time atravessa e que não é da noite pro dia
que nós vamos conseguir regularizar essa situação financeira do Parnahyba. Nós
estamos acostumados a vencer, nós nos acostumamos a ganhar títulos, mas temos
que profissionalizar ainda mais a equipe do Parnahyba. Para isso, nós
precisamos desse apoio da prefeitura, porque se não tivermos o apoio do
município, para que daqui a dois, três ou quatro anos, a gente possa, sim, ter
uma independência financeira, sem precisar do município, mas enquanto não
houver esse incentivo, esse apoio do município, as coisas ficarão cada vez mais
difíceis, deixando o Parnahyba até fora da Copa Piauí de 2014, coisa que, para
o torcedor parnaibano, que esse sim, merece toda nossa atenção e nosso
respeito, vai ficar muito triste e vai acontecer, porque nós não dispomos de
recursos nenhum para essa disputa, porque só vai aumentar os débitos, e gente
também já tem que pensar no campeonato de 2015, porque se o clube continuar como
está, também será inviável participar de um campeonato piauiense. Peço
desculpas ao torcedor, mas é a realidade do nosso clube. Espero que o Prefeito
se comova com a situação e que ele possa encontrar uma solução... É um prefeito
que gosta do Parnahyba, o Vice-Prefeito acompanha nosso clube em todos os
jogos...
Mesmo ainda sem retorno, Batista acredita no apoio do convênio com a Prefeitura Municipal de Parnaíba. |
PA – Isso significa dizer que o clube não participará da
Copa Piauí?
BC – Não há nenhuma condição, nenhuma estrutura para
participar da Copa Piauí. Mesmo com as categorias de base teremos gastos, e
hoje não temos condições sequer de montarmos uma equipe sub 20 para Copa Piauí.
Não dispomos de recursos, infelizmente é a realidade. Nós temos muito são
débitos para estarmos todos os meses pagando juros, e mantendo o CT do clube do
nosso jeito... Se não tiver um retorno do município, pode ter a certeza de que
o Parnahyba não participará da Copa Piauí e corre o sério risco de também ficar
fora do campeonato piauiense de 2015.
PA – Alguma consideração destinada aos torcedores do clube?
BC – Agradecer aos torcedores pelo apoio de sempre, às
torcidas organizadas Tubarões da Cohab, Tubarões da Guarita, Exército Azulino,
Mancha Azul, ao seu Armando, ao Evilásio, ao Daniel, ao Guilherme, ao seu
Antonio João, porque eu senti de perto o apoio de todos eles, e houve uma
integração muito maior neste ano, onde eles abraçaram realmente o clube... Eu
fico triste, por não termos conquistado quando poderíamos ter conquistado... A
todos que amam o Parnahyba, eu peço desculpas, mas quero dizer que fizemos de
tudo para a conquista do tricampeonato... Agradecer o apoio de todos e contar
com vocês e, se Deus quiser, com o apoio do município, dar seguimento ao
trabalho no Parnahyba Sport Club.
Lamentável primo. Pelo visto, o Parnahyba vai viver momentos cruciais. Em virtude das prestações de contas mal elaboradas, não receberá os repasses da Prefeitura. Infelizmente ninguém quer assumir o Parnahyba, proporcionando que pessoas bondosas, mais imaturas e sem respaldo financeiro como o Batista assumam a direção da centenária instituição.
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